Para Antonio Carlos Rocha in memoriam
Antonio Carlos,
Última vez que lhe escrevo…
Lembrei de todas as cartas que lhe mandei. As de agradecimento, as de confirmação, as de estupefação, as de alegria, as de comemoração.
Na primeira vez que lhe ouvi falar encontrei um discurso novo. Alguém que dizia o que é. E o que não é. Sem meias palavras, ainda que em seu semi-dizer.
Desde então fui seguindo ao seguir essas palavras. Às vezes duras, às vezes bonitas, às vezes antipáticas, sempre verdadeiras.
A psicanálise tem esse marco na minha vida: antes e depois de estar submetida à sua transmissão. Com você, tudo girou.
Sou grata pelo que foi possível para mim a partir da presença em seus seminários, de onde eu saí muitas vezes com a cabeça virada. “Um toque de seus dedos no tambor desencadeia todos os sons e inicia a nova harmonia…”
Sou grata por ter sido marcada por esse traço que reconheço naqueles que fizeram parte dessa cadeia, elos que somos de seu dizer.
De todas as despedidas que tivemos, essa retorna os ecos da anterior. Vergänglichkeit. A transitoriedade, o efêmero, como você nos lembrou, pode tornar o breve da vida numa lágrima e um sorriso.
Foi muito bom trabalhar com você.
Bye-bye so long farewell.