Título pergunta provocadora! Mas, acredito nesse caminho que nos interroga sempre. O Seminário O Avesso da Psicanálise nos convoca a pensar um pouco mais sobre o que fazemos na clínica e na nossa formação em Psicanálise.
Eu vou trazer um ponto que não apenas me interrogou, mas permitiu que eu levasse uma proposta de leitura e discussão para o dispositivo de trabalho com o Seminário 17, coordenado por Valéria Lameira e Virginia Guilhon.
O ponto é sobre a interrogação de Lacan quanto ao Édipo poder ser uma estrutura e sobre a noção de pai real. Para Lacan, o que importa é a operação da castração e ele menciona o agente dessa operação. Eu voltei ao Seminário IV, onde Lacan trabalha longamente com as operações privação, frustração e castração. Neste Seminário de 1956-57, ele já trabalha com esses registros do Real, Simbólico e Imaginário. Quando trabalhei com essas operações e esses registros, acredito que coloquei o acento da operação da castração para o objeto imaginário, o falo.
Neste momento de leitura do Seminário XVII, eu retomei esse ponto do agente dessa operação da castração e também considerei o termo agente, que Lacan nomeia de pai real. Eu me dei conta, considerando as interrogações de Lacan sobre o texto de Freud, Moisés e o Monoteísmo, que esse pai só pode ser escrito. Ele tem existência escrita, se é que posso dizer isso. Então, eu propus ao grupo que retomássemos a escrita das Fórmulas da Sexuação, propostas no Seminário XX, de Lacan. Eu propus que o pai real possa estar escrito como exceção: , que se lê: existe um X que não é função de X. Sendo esta exceção que permite a escrita que todo X é função de X:
Sem me deter outra vez nesta escrita da tábua da sexuação, considerei que é uma maneira legítima de ler a operação da castração, podendo formulá-la como uma estrutura, uma escrita, cujo agente é este excluído e que funda a norma fálica: o pai real.
*Texto escrito a partir do dispositivo Trabalho Preparatório para o Seminário de Verão da ALI – 2024, coordenado por Valéria Lameira e Virginia Guilhon.