O Seminário na AEPM

Alayde Martins

Funcionamento: às sextas-feiras, das 9h30min às 11h30min

Texto: Lacan, Jacques. O Seminário, Livro XVI: De um Outro ao outro, 1968-1969

Data de início: 26/01/2024

Local: Auditório

O eixo a partir do qual circula o ensino e a transmissão da Psicanálise na AEPM é o Seminário semanal conduzido por Alayde Martins.

O trabalho com os Seminários de Lacan parte do princípio de que não há transmissão e nem ensino verdadeiro da Psicanálise fora da transferência. Seu propósito é seguir as palavras de Lacan na leitura do texto estabelecido e sustentar a transferência de trabalho entre os pares, a dissimetria dos lugares, a distinção entre o que é possível de ser ensinado e o que é passível de ser transmitido. Manter o lugar do que não se fecha no sentido, na compreensão precipitada, no saber adquirido e acumulado, mas na disjunção entre o saber e a verdade, o enigma a ser mantido como o lugar do sujeito do inconsciente, scilicet. Assim, é do lugar de alteridade que as questões podem retornar àqueles que se engajam em sua formação.

O Seminário em 2024

Este ano seguiremos Lacan no Seminário 16, De um Outro ao outro, de 1968.

Ao pensar nesse caminho árduo que será o nosso, lembrei-me da palavra talvegue. Por que não? Uma trilha de água, constituída entre dois maciços sólidos nos remete ao título do Seminário.

Lacan começa com uma frase escrita no quadro: “A essência da teoria psicanalítica é um discurso sem palavra-fala”.

A definição do discurso psicanalítico é seu objetivo, mostrá-lo numa estrutura sem palavra.

Para isso, Lacan vai fazer um longo caminho que permita a aplicação cada vez mais consistente de conceitos como o real, o gozo, o Outro, o objeto a e o mais de gozar.

Fará referência a Marx – mais-valia e mais-de-gozar, para chegar à questão sobre o mercado do saber e à interrogação da relação do saber com o gozo.

Introduzirá a lógica matemática na teorização do significante e usará a teoria dos conjuntos para precisar significante um, significante dois, Outro e falta, e mostrar o que está implicado na perda de gozo.

Qual a relação do saber com a verdade? A Aposta de Pascal será referência para seguir adiante na definição do sujeito da psicanálise.

Freud, leitura obrigatória, será tomado tanto na Psicologia das massas como no retorno à sua leitura do Projeto para mostrar a distinção e a relação entre os lugares do gozo e do desejo.

A clínica da histeria vai levar à implicação de um Outro gozo, ao buraco aberto no sujeito pela ausência de relação sexual.

Enfim, muita coisa!

Mas, para não causar a preguiça, dita por Lacan que é o que nos acomete diante de uma grande tarefa, ficamos, para começar, com essa questão: como é que Lacan vai de “um significante é o que representa o sujeito para outro significante” ao discurso sem fala-palavra?