Lavra

Coordenação: José Oceli

Participantes: Vanessa Espíndola, Caroline Torres, Simone Rodrigues, Periandro Barrêto, José Oceli e Fabiano Sousa

Funcionamento: às sextas-feiras, das 8h às 9h15min

Texto: Lacan, Jacques. Função e Campo da fala e da linguagem em psicanálise (1953). In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998

Data de início: 09/02/2024

Contando com o esforço de uma leitura prévia de cada um dos participantes indicados por Alayde Martins a darem corpo à movimentação deste dispositivo, este trabalho tem o dever de percorrer o escrito de Lacan em Função e campo da fala e da linguagem (Escritos), para aguardar a erosão do saber provocada por um texto de Lacan.

A finalidade é a de trabalhar a partir do que é a gerência do Inconsciente e do Significante. Lateralmente, também colher os significados e suportar suas quedas, para mostrar que o corte do Significante causa distúrbios, mas que este corte não é simples reviravolta de saber. Nisso, os Escritos de Lacan fazem girar, como o que perfura; e o desassossego é sempre trilha para a novidade, onde o descaminho pode ser nossa convergência, disjunta. Nem em unidades, nem em conjunto.

Harmonias causam tensões necessárias, do mesmo modo que há tensão na harmonia. E enquanto a função tônica pede a sensação de repouso harmônico e suplica por retorno (logo após o passeio sobre tensões/distâncias que criam intervalos), a música, por outro lado, quer avançar e pede desassossego, ou seja, prazer. Assim é mantida a experiência artística, pois sem deslocamento não há música, já que qualquer som é sempre o resultado de um intervalo, tensão. Repetimos com prazer e satisfação o caminho insatisfeito das tensões, em fraseados particulares, batidas e clichês da fala – também musicais. Para assim dizer que o intervalo não é coletável, e que só mesmo a nota musical poderia acreditar que o reteria. A música é um som – e a fala também? Até a vanguarda sabe que não é livre.

Repetir a tensão do que não aconteceu. E disso, o ritmo talvez seja o pouco que se retenha nas mãos. O ritmo é quando se vai exatamente não sabendo para onde, no não-pensamento do que se mexe. O ritmo é a busca, a esperança daquilo que ressurgiria. Mas, uma vez utopicamente dentro do tempo, e a batida já não seria ouvida. Nos resta o descompasso, onde talvez a esperança do ritmo decaia nos trejeitos do rito. E assim descompassar e atravessar outra vez.

Para além do óbvio de que, sem a queda do ritmo não haveria produto, talvez tenhamos sido chamados a abrir mão deste produto para ficar com o seu movimento, Lavra.

“Nada há de criado que não apareça na urgência, e nada na urgência que não gere sua superação na fala” (Jacques Lacan em Função e Campo da fala e da linguagem em psicanálise – 1953).